MINHA HISTÓRIA



O Começo de Tudo


Resolvi deixar aqui um pouco de mim, uma história de vida que pode fazer a diferença pra você que lê ou até mesmo para alguém que conheça. Vou contar uma história que pode parecer roteiro de cinema, mas é a mais pura verdade.

Relata o que a intolerância e o desconhecimento podem causar na vida de alguém, mas também fala de como fazer das adversidades trampolins para a vitória.
As coisas começam lá na minha infância, momento em que muitas novidades acontecem na minha vida e eu não tinha a menor ideia quais eram.
Sentia-me diferente de todos os que me cercavam, era uma menina, mas parecia um menino, não era menino, mas me sentia como se fosse... Confuso assim.
Desde muito pequeno sentia um prazer enorme ao abraçar uma amiguinha, tinha vontade de beijá-la, mas sabia que não podia, só não sabia, por que não podia.

Aos sete anos de idade quando fui ao colégio pela 1ª vez, um menino me perguntou, assim que me viu, por que a minha mãe tinha colocado  brincos nas minhas orelhas já que meninos não usavam brincos (naquela época). 
Eu imediatamente respondi que não sabia o motivo e acabou a conversa.

Quando o meu corpo começou a mudar fisicamente, pois já se aproximava a idade de ficar "mocinha", eu rezava e pedia à Deus que não deixasse nascer seios em mim, por que eu queria um pintinho e acreditava, por ouvir falar, que 'Ele era tão poderoso que poderia fazer essa substituição se quisesse, mas...fui crescendo e isso não aconteceu. Vieram os seios, a menstruação e mais um monte de coisa, fiquei triste fazer o que, né?
A adolescência se aproximava e junto com ela o desejo sexual também, eu praticava uma coisa, quando estava só e no banheiro, que um dia li em uma revista algo muito parecido e caí na asneira de perguntar para minha mãe o que era aquilo.
Ela me disse coisas horríveis e entre elas que aquilo era uma coisa que mulher da vida fazia... Pronto: Eu era uma mulher da vida!

Continuei fazendo e quando acabava rezava e pedia perdão à Deus dizendo a Ele: " - Por que deixou que eu aprendesse algo tão gostoso? (rsrsrs)
Fui vivendo e nunca mais perguntei nada para minha mãe. Até que um dia achei na lixeira do prédio onde morávamos um livro que falava tudo sobre sexualidade.  

Relatório Hite 

 Publicado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1976, o Relatório Hite foi um estudo realizado pelo sexóloga alemã Shere Hite com base em entrevistas concedidas por mulheres estadunidenses a respeito de sua sexualidade.
Com uma linguagem explícita e de uma franqueza impressionante até para o padrão social atual, o livro aborda temas que vão desde a masturbação feminina até a revolução sexual, através de relatos que surpreendem bastante se considerarmos uma sociedade machista da metade dos anos 70.Seu lançamento foi um verdadeiro escândalo para a opinião pública da época, embora já houvesse sido publicado nos EUA estudos parecidos por Alfred Kinsey e Masters & Johnson. 

Hoje penso que foi ela quem o deixou lá para que eu o lesse. Nele fiquei sabendo de tudo e muito mais, comecei até mesmo a descobrir o que acontecia comigo.
Era assim: quando me masturbava pensava em meninas, sonhava com meninas e comecei a ter ciúmes das colegas do colégio quando as via com seus namorados, mas até então não sabia o que estava acontecendo comigo, pois nunca havia ouvido falar de algo parecido que pudesse acontecer com as pessoas.
Naquele tempo não tínhamos as informações que temos hoje e tudo relacionado ao sexo era um tremendo tabu.
As coisas foram seguindo seu curso até que me apaixonei por uma menina do colégio e não aguentando segurar a barra contei pra minha mãe, assim, à seco, na lata.
Ela evitou conversar comigo, me mandou ir dormir e nunca perguntou o que estava acontecendo comigo. No dia seguinte estávamos no consultório de um psicólogo.
Esse psicólogo após algumas sessões chamou minha mãe e disse a ela que quem precisava de uma terapia era ela. Pra quê?
Ela quase bateu nele e saiu me arrastando pelas escadas me culpando por estar fazendo ela passar por aquela vergonha, é mole?


Internações e prisão


Continuei apaixonado pela menina e depois desse episódio fiquei um tanto rebelde, minha mãe passou a me vigiar 24h marcando o horário de chegar e sair do colégio segundo por segundo, mas eu sempre dava um jeito de escapar, afinal era um adolescente.
Ela trancava os telefones de casa, vasculhava minhas gavetas, meus cadernos, minhas roupas, só não vasculhava o celular, o PC e os e-mails, por que naquela época ainda não existiam.
Eu comecei a fumar maconha e a me apaixonar por todas as garotas, incluindo algumas professoras. Mas... Um dia, meu coração foi realmente fisgado pela filha da empregada que era uma mulata linda de cabelos escorridos iguais aos de uma índia e foi com ela que aconteceu a 1ª vez...
Tínhamos 12 anos e tudo era novidade, eu não pensava no que podia ou não fazer, apenas fazia. Meu corpo respondia a cada toque, cada carícia que eu fazia no corpo dela e foi a descoberta mais prazerosa de toda a minha vida. Depois disso namoramos por um longo tempo até que minha mãe descobriu e decidiu me internar.
Fui levado para uma clínica psiquiátrica que mais tarde descobri ser o Dr.Eiras, acho que ficava na Tijuca, mas não tenho certeza.
Logo que cheguei fui medicado e não sei ao certo quanto tempo fiquei lá, só lembro que ao fazerem uma visita minha mãe e sua irmã ficaram chocadas com o que viram.
Eu não andava, não conseguia falar, tinha contrações musculares que me impediam de comer ou beber qualquer coisa, quando me viram assim me transferiram para outra clínica em Jacarepaguá, onde passei por um tratamento de desintoxicação. Depois de alguns meses e de namorar algumas enfermeiras saí de lá no domínio de minhas faculdades mentais "novamente". (eu acho rsrsrs...)
Continuava apaixonado pela filha da empregada e fui atrás dela em Bangu, bairro da zona oeste do RJ, onde ela morava com a família.

Eu já estava lá há alguns dias quando tive a desagradável surpresa de ver minha mãe e meu pai indo me resgatar com uma viatura da Polícia Militar.
Viatura na qual me conduziram para o Juizado de Menores, no centro do Rio de Janeiro, bem ali no meio da Av. Presidente Vargas.
Chegando lá minha mãe disse ao responsável que eu era "uma delinquente", que fumava maconha e além de tudo era "sapatão".

Ah! Então era isso que eu era agora?
Fiquei detido e fui encaminhado para o Educandário Santos Dumont localizado na Ilha do Governador - RJ.
Passei mais alguns meses lá, namorei algumas meninas e vi coisas que não desejo a ninguém que veja.
Assim que cheguei tive minhas roupas trocadas por vestidos vermelhos e meu cabelo cortado, quase raspado para não pegar piolho, fui levado para uma sala onde uma mulher enorme me tocou nas partes íntimas para ver se eu tinha alguma doença venérea em seguida fui liberado e conduzido ao refeitório e ao alojamento.

Tudo era difícil , mas nada era tão humilhante como aquele vestido vermelho.
Passei lá as experiências mais absurdas da minha vida, mas saí com vida, por que também comecei a ter fé e na hora da maior adversidade Deus se mostrou presente ao meu lado e acalentou o meu coração.
Quando me vi livre daquele lugar minha relação com minha mãe já estava completamente deteriorada e não conseguíamos nem sequer nos falar direito.

Como se já não bastasse tudo isso, eu descubro no meio dessa confusão toda, que fui adotado o que faz a minha cabeça quase cair de cima do pescoço.

A Descoberta que fez o chão abrir sob meus pés


Depois de tantas descobertas, ainda mais essa, era para deixar qualquer um estatelado no chão e foi assim que fiquei por alguns dias. 
Descobri minha adoção da pior maneira possível, foi durante uma discussão com o meu suposto pai que para variar estava bêbado e queria fritar gordura de porco para fazer toucinho sobre as grades do fogão, como se fosse uma churrasqueira. Eu pedi a ele que não fizesse aquilo, porque tinha acabado de limpar a cozinha (não tínhamos empregada nessa época, minha mãe a mandou embora como já era de se esperar) e quando mamãe chegasse brigaria comigo pela bagunça que ele estava fazendo. 
Foi quando de repente ele gritou: "- Porra você não é nossa filha!"


Naquele momento senti como se o chão tivesse sumido sob os meus pés (ainda tenho essa sensação quando me lembro), fui para o meu quarto e chorei tanto que nem sabia que cabiam tantas lágrimas dentro de mim, depois me acalmei um pouco e permaneci deitado e quieto.
Pela minha cabeça passavam todas as cenas de violência que minha mãe praticava comigo. Violências físicas e psicológicas, hoje eu sei
No meio desse turbilhão de imagens, ela, minha mãe, adentra o quarto com as mãos para trás, nas costas e esse era o sinal clássico de que trazia um chicote com o qual me batia quando achava que eu merecia...não deu outra.

Só que dessa vez foi diferente, pois quando ela levantou a mão para começar o meu espancamento eu a segurei e gritei que: " - A partir daquele dia ela não me bateria mais, porque agora eu sabia que ela não era a minha mãe de verdade e sendo assim, ela não tinha mais esse direito (como se algum dia ela o tivesse)". Nesse momento ela parou com o braço no ar, arregalou os olhos e quase caiu durinha no chão tamanho foi o impacto da surpresa ao saber o que eu sabia.
Por alguns instantes foi como seu o tempo tivesse parado e não registrei o que aconteceu de imediato, só me lembro dela me chamando no quarto, horas depois, para me dizer que tudo que o meu pai tinha dito era mentira e que na verdade eu era filha dela e não dele. Fiquei mais zonzo ainda e fui deitar.

Chorei até o dia amanhecer e comecei a ver tudo de maneira muito diferente, não conseguia deixar de pensar em tudo que ela me havia feito passar sem nem ao menos ser minha mãe de verdade. Foi uma barra!
No horário do colégio eu estava pronto, mas ainda chorava, cheguei assim ao colégio. Estudei no Dr. Cícero Penna, no bairro de Copacabana, zona sul da cidade, na quadra da praia.

Quando entrei, uma professora de inglês que também era psicóloga, viu o estado em que me encontrava e me levou para uma salinha onde conversamos. Ela sabia da mãe que eu tinha, por diversas vezes conversou comigo na mesma salinha, porque eu chegava com o corpo todo marcado de chicotadas e era obrigado usar agasalhos, mesmo no verão, para que os outros não vissem as marcas. Nesse dia ela ficou estarrecida com tudo que contei, mas sem saber direito que atitude tomar me deixou ir embora...eu fui e nunca mais voltei ao colégio ou a qualquer outra sala de aula.
Saí dali e fui para a praia, já estava de tarde, o dia estava meio nublado e eu fiquei até anoitecer. Chorei muito, fumei maconha, conversei com estranhos e depois voltei para casa.

Ao chegar fui para o meu quarto e não falei com ninguém, nem me lembro se havia alguém em casa, só sei que naquela mesma noite fugi de casa pela 2ª vez, só que agora eu não tinha destino certo, a única certeza que eu tinha era de não querer estar ali com eles na mesma casa e fui. 
Me lembro de ter embarcado em um ônibus, mas não me lembro o seu itinerário, acho que fiquei rodando a noite toda até ir parar na casa de uma amiga do colégio na Ladeira dos Tabajaras.
Nesse dia começa uma nova fase da minha vida, porque fugi e voltei diversas vezes para casa até sair definitivamente, mas...


O Menino da Mulherada


Depois de passar um tempo na casa dessa minha amiga, arrumei meu 1º emprego e com o meu 1º salário aluguei uma vaga perto do serviço. 
Saí da casa dela para que sua família parasse de cobrar tanto uma atitude em relação a minha presença e postura, porque nunca tive nada com ela, mas todos achavam que namorávamos.
Na minha nova moradia eu praticamente só dormia, porque meu serviço era no Supermercado Casas da Banha, bem ali na Rua Siqueira Campos e lá eu almoçava, lanchava e passava a maior parte do dia.
Aos finais de semana eu gostava de me divertir e conhecer boates onde às vezes rolava um namoro, mas sem envolvimentos mais sérios, afinal eu não estava mais com a minha mulata linda (conseguiram nos separar), mas ainda nutria por ela um amor que demorou muitos anos para acabar.
Fui crescendo (isso tudo aconteceu entre 12 e 16 anos), trabalhando, vivendo e nessa fase eu já curtia tudo o que o meu desejo permitia e me tornei o "garotinho da mulherada",rsrsrs...era constantemente convidado para passar horas agradáveis com mulheres de todo tipo casada, solteira, coroa, gatinha e etc.
Não posso reclamar dessa época, afinal aprendi muito ou quase tudo e me tornei um excelente amante sem falsa modéstia.

Frequentava assiduamente a "Galeria Alaska", a boate "Zig-Zag", a "Encontros" e as" areias das praias de Copacabana".

Depois de um tempo aluguei um quitinete na Rocinha que tinha uma vista linda para a praia de São Conrado e uma vizinha que cuidava de mim dia e noite, cuidava até de mais, mas era bom. 
Nessa época não haviam UPPs, mas a bandidagem era maneira, até bandido tinha ética profissional. Não era como hoje, ninguém respeita ninguém e se mata por qualquer trocado. Nunca pensei em dizer isso, mas..."bons tempos".
Bom, continuando...
De repente as coisas começaram a mudar, eu já não gostava do emprego e nem daquelas mulheres, sentia que precisava mudar algo, mas não sabia direito o quê...então resolvi chutar o pau da barraca e viajar.
Nessa época eu fazia parte de um grupo que era meio louco e quando falei do meu desejo de sair por aí sem destino certo eles acataram na mesma hora e começamos a planejar por onde começaríamos e assim fomos pegar carona em um posto de gasolina que fica no início da Dutra sentido São Paulo.
Nossa chegada a São Paulo foi na CEAGESP e fazia um frio de lascar, mas a viagem foi ótima, o caminhoneiro que nos conduziu era super gente boa e nos contou muitas histórias da estrada durante a viagem. Tentou fazer com que nós mudássemos de ideia e voltássemos com ele para o Rio de Janeiro, mas nós o deixamos sem nos despedir e seguimos viagem. 
Embarcamos em outro caminhão e fomos parar em Curitiba, passamos alguns dias pela cidade e conhecemos muita gente, comemos bem nas casas por onde passamos e em troca fizemos pequenos serviços.
Caminhávamos muito pelas estradas, às vezes de uma cidade a outra sem cansar, parávamos em fazendas à beira do caminho, colhíamos frutas dos pomares alheios, verduras e legumes de hortas lindas, tomávamos muito banho nos rios e dormimos diversas vezes em celeiros, em casarões abandonados e até mesmo ao relento,mas...a sensação de liberdade que tínhamos era única e até hoje incomparável.
Continuamos a nossa viagem descendo até uma cidadezinha de fronteira com a Argentina que não lembro o nome, mas lembro que o que dividia os dois países era somente uma cerca de arame farpado e um riacho, coisa que é claro, não foram suficientes para nos manter do lado de cá.
Ao chegarmos do outro lado, exaustos nos deitamos na relva e acho que dormimos... de repente levei um susto com um barulho e ao abrir os olhos, vi um boi comendo os meus documentos (minha carteira profissional pra ser mais exato) e tirando coisas de dentro da minha mochila. Pequei o que deu para pegar e saímos correndo em direção a casa da fazenda...acho que nunca corri tanto, rsrsrs!

Quando chegamos o fazendeiro nos recebeu surpreso e desconfiado, mas depois que conseguimos nos explicar, tudo ficou bem e ele nos alimentou, descansamos e no dia seguinte retomamos o nosso caminho. Dessa vez já na Argentina...


A Viagem na Argentina


No dia seguinte retomamos a viagem dessa vez com destino à Buenos Aires, caminhamos um longo tempo por uma estrada de terra ladeada por várias fazendas e, assim como em terras brasileiras, fomos nos alimentando de frutas colhidas nos pés de uma infinidade de árvores e entre elas algumas que eu não conhecia, mas que eram igualmente saborosas.

Levávamos nas mochilas, sanduíches e potes de doces que a esposa do fazendeiro fez questão de nos dar, mas comíamos as frutas para economizar o que já estava garantido.

Íamos descendo para a capital argentina de carona em carona, até que em uma noite fomos todos descobertos na carroceria de uma caminhonete debaixo de uma lona e tivemos ali nossa aventura interrompida por alguns dias.

Conduziram-nos para um lugar que não me lembro bem, mas creio que seria uma imigração, nos pediram documentos, que obviamente não tínhamos e por esse motivo fomos separados. Nós, as mulheres, fomos levadas para uma casa que na verdade era uma detenção e acho que os rapazes também foram levados para um lugar de abrigo masculino.

Passamos, acho uma semana naquele lugar e no final desse tempo nos deram um documento que era a nossa deportação onde estava determinado por qual ponto deveríamos sair do País. Incrível, mas fomos Deportados!

Dali em diante o grupo se separou e eu juntamente com o Pedro, que era meu anjo da guarda, prossegui viagem até a província de Olavarria, onde residiam familiares dele.
Não fez a menor diferença ter ou não documentos, estar ou não deportado, afinal se me pegassem o que poderiam fazer? Me mandar embora para o Brasil? Rsrsrsrs...

Assim, fomos seguindo.

Chegamos à Buenos Aires e fiquei encantada com a beleza da cidade e principalmente com a Avenida Corrientes...letreiros enormes, iluminados de uma maneira que aqui no Brasil ainda não existia. As imagens se mexiam, piscavam e deixavam tudo com um brilho mágico.


Conheci alguns cafés e o metrô que eram puro charme.
Tudo com as portas fechadas, não só pelo frio constante, mas também por causa do fim do governo militar que fazia toda a população viver sob constante tensão.

Houve uma ocasião que estávamos tomando café e conversando animadamente com algumas pessoas que tínhamos acabado de conhecer, quando de repente vários militares adentraram o local com armas em punho, mandando que todos se encostassem no balcão, pedindo as identificações e eu gelei, mas me mantive quieta tentando parecer natural.

Minha grande sorte foi o grupo armado ter a sua atenção voltada para um rapaz e este ao ser abordado reagiu mal  sendo conduzido com violência para fora do café e seguido por todos do grupo que não voltaram...nem o grupo e nem o rapaz...

Pé na estrada, dessa vez de metrô onde logicamente não tínhamos os boletos para a viagem até Olavarria, mas para nós, eu e o Pedro, não era problema algum e o que aconteceu foi...

Quando o cobrador veio gritando “- Boleto, boleto!” pelos vagões nós esperamos chegar a nossa vez e quando chegou dissemos, ou melhor o Pedro disse “ _ Não temos boletos.” em espanhol é claro.
Assim descemos na próxima estação e fomos embarcando e desembarcando de estação em estação até chegarmos em Olavarria e chegamos...ufa!

Os familiares do Pedro residiam em um bairro 100% residencial em uma casa confortável e nos receberam muito bem, só não gostei muito quando ele me apresentou como sendo sua namorada brasileira, mas como ele iria me apresentar de outra forma, né?

Não gostei, tentei entender, mas ao cair da noite nos colocaram no mesmo quarto com uma cama de casal...ai foi demais, não deu e eu dormi todos os dias que passamos por lá no chão. Graças a Deus foi por pouco tempo, pois eu quase não dormia a noite por precaução, vai que...melhor prevenir e isso me deixava cansado o dia todo.

O lugar era calmo e bonito, o céu estava sempre azul, o sol brilhava todos os dias, mas o frio era cortante. Dentro de casa havia aquecimento em cada cômodo, pois a noite, apesar do céu estrelado, o frio era ainda mais intenso. 

A mãe do Pedro e uma irmã de nome Jamile cozinhavam muito bem, mas todos vivam uma enorme tristeza pelo desaparecimento do pai do Pedro durante o governo militar e essa tristeza sangrava todos os dias.

            
Ficamos por lá alguns dias, talvez duas semanas, não me lembro com precisão e aprendi o sabor de um delicioso e forte vinho argentino, da carne que desmancha na boca e o prazer de novas amizades. Foi ótimo também.


O resto da história...


Bom, até aqui você tiveram uma prévia do que vem por aí e eu agradeço o seu interesse e a sua ajuda na divulgação deste blog.

Estou preparando um livro onde a minha história será contada na íntegra, de maneira detalhada e surpreendente.

Aqui, no blog eu deixo algumas pinceladas, mas posso adiantar que assuntos relevantes estarão permeando as páginas do livro que virá o mais breve possível.

Alguns desses assuntos são:


  • Violência Sexual aos 16 anos (hoje conhecida como estupro corretivo)
  • A verdade sobre a minha adoção;
  • Minha vida acadêmica auto-ditada;
  • A realização dos meus sonhos e a perda de tudo;
  • Enfim...casado;
  • O meu encontro com João W. Nery;
  • A descoberta da minha transexualidade;
  • Muito mais...

Conto com vocês para me auxiliarem na divulgação do blog e futuramente do livro, pois como eu escrevo no cabeçalho...




Este blog tem a função de ser o meu canal para passar a limpo o meu passado arrancando-o de dentro de mim e principalmente ajudar todas as pessoas que estão confusas ou em meio às lutas que não são fáceis e nem poucas fazendo-as perceber que apesar de todas as adversidades é possível ser FELIZ!



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